Onde Brilhem Os Olhos Seus
Domingo, 27 de abril de 2008. Final de um dia agitado em São Paulo. E eu estava lá. O motivo da agitação da cidade era a 4ª Virada Cultural q já rolava desde a as 18h do dia anterior. Vários shows pela cidade, palcos nas principais ruas da cidade. Infelizmente, o turista aqui só conseguiu ver o último show do Palco das Meninas, montado na Av. Ipiranga, pertinho do Metrô República. Dentro da estação, o movimento era grande, gente de um lado pro outro, todo tipo de gente se encontrava por ali. Saindo da estação, já se ouvia uma voz suave, feminina, gostosa de ouvir... entre mim e a voz, muita gente. A música q ela tocava no momento que cheguei não estava entre as 13 do CD solo que ela lançou este ano. Pudera, o CD tem pouco mais de 30 minutos, e entre uma música e outra ela canta músicas que não estão no CD.
O projeto é simples, Fernanda Takai, vocalista do Pato Fu, resolveu gravar um CD, solo com músicas que foram interpretadas por Nara Leão. Clássicos da MPB estão reunidos nesse CD. O marido dela, John, também participa desse projeto. E eles acertam em cheio reunindo músicas como “Com Açúcar, Com Afeto”, “Luz Negra”, “Debaixo dos Caracóis dos Seus Cabelos”, “Insensatez” e “Ta-Hi” com arranjos novos, modernos. É Fernanda Takai cantando Nara Leão e não sendo Nara Leão.. várias canções entrariam facilmente no repertório fantástico do Pato Fu.
Pena que não assisti o show desde o começo, perdi "Diz que fui por aí" (Zé Kéti / Hortensio Rocha). Mas consegui ouvir “Odeon” (Ernesto Nazareth / Hubaldo / Vinicius), “Com Açúcar, Com Afeto” (Chico Buarque) e “Debaixo dos Caracóis dos Seus Cabelos” (Roberto e Erasmo). A interpretação que ela dá para "Insensatez" e "Descansa Coração" emocionam, olhava pro lado e todos pareciam estar hipnotizados pelas cançoes.
Pra terminar ela canta uma música em japonês e claro, arrasa. Dá vontade de ficar horas e horas ouvindo as músicas e assistindo ao show.
Ah... e tudo isso ao lado dos bons amigos da capital... tem coisa melhor não...
Odeon
Fernanda Takai
Composição: Ernesto Nazareth / Ubaldo Sciangula
Ai quem me dera
O meu chorinho tanto tempo abandonado
E a melancolia que eu sentia
Quando ouviaEle fazer tanto chorar
Ai nem me lembro há tanto, tanto
Todo encanto de um passado
Que era lindo, era triste, era bom
Igualzinho a um chorinho chamado Odeon
Terçando flauta e cavaquinho
Meu chorinho se desata
Tira da canção do violão esse bordão
Que me dá vida, que me mata
É só carinho, meu chorinho
Quando pega e chega assim devagarzinho
Meia luz, meia voz, meio tom
Meu chorinho chamado Odeon
Ah vem depressa
Chorinho querido, vem
Mostra da graça que o choro sentido tem
Quanto tempo passou, quanta coisa mudou
Já ninguém chora mais por ninguém
Ah, quem diria que um dia, chorinho meu
Você viria com a graça que o amor lhe deu
Pra dizer não faz mal
Tanto faz, tanto fez
Eu voltei pra chorar com vocês
Chora bastante, o meu chorinho
Teu chorinho de saudade
Diz ao Bandolim pra não tocar tão lindo assim
Porque parece até maldade
Ai meu chorinho, eu só queria
Transformar em realidade a poesia
Ai que lindo, ai que triste, ai que bom
De um chorinho chamado Odeon
Chorinho antigo, chorinho amigo
Eu até hoje ainda percebo essa ilusão
Essa saudade que vai comigo
E até parece aquela prece que sai só do coração
Se eu pudesse recordar e ser criança
Se eu pudesse renovar minha esperança
Se eu pudesse me lembrar como se dança
Esse chorinho que hoje em dia ninguém sabe mais