quarta-feira, outubro 17, 2007

Ahop!! Pede Desligamento!


Realmente é muito bom. Não melhor que “Cidade de Deus”, mas ainda sim, “Tropa de Elite” conseguiu ontem seu lugarzinho na lista de melhores filmes que já assisti. É legal ver como o cinema nacional evoluiu nos últimos anos, como o desempenho dos nossos atores não deve nada para os “holliwoodianos” e, principalmente, como um filme pode causar tanta polêmica sem mal ter sido lançado. Tá pior que final de novela: são incontáveis críticas, opiniões apaixonadas e teorias conspiratórias das mais malucas. Tem falação pra todos os gostos; contra e a favor da obra. Mas afinal de contas, qual seria o principal “tchan” de tanto sucesso?

Como todo mundo já sabe, Tropa de Elite é um filme meio conturbado. Nas suas gravações aconteceu de tudo um pouco: seqüestro de equipe técnica, roubo de armas cenográficas e, de quebra, vazamento do filme antes de ser lançado e finalizado. Resultado: manchetes e muita pirataria. Até o ministro Gilberto Gil teve uma cópia na sua mesa e assistiu a versão do “povo”. Aí começaram os comentários sobre pirataria, e as primeiras saraivadas ideológicas. Filme Pirata é inclusão cultural para as classes mais baixas e estímulo para o mercado informal, ou enfraquecimento de toda cadeia profissional cinematográfica, engordando os bolsos das máfias? É polêmica de prato cheio, mas afinal de contas, e o filme, e o enredo, e a história?

Pois bem, a história é um tapa na cara. A realidade vomita no colo de quem assiste ao filme. Policiais corruptos, torturadores, justiceiros, honestos e brasileiros. Traficantes assassinos, interessados em ampliar de qualquer maneira “seu lojinha” de tóxicos, e ao mesmo tempo dando apoio para o trabalho social de ONGs na favela . Mas aí você pára e diz: “filme que mostra policial matando pra fazer a lei é facista! Estimula as políticas de extrema direita, de repressão”. Ok, mas as atitudes mostradas dos traficantes usando “o microondas”, ou melhor dizendo, matando gente queimada no topo do morro também não são um tanto quanto repressoras?

Fechando a conversa, pra mim o “tchan” do filme é justamente esse: provocar discussão e dúvida, coisa que somente obras contestadoras e bem feitas são capazes. Até que ponto o cotidiano mostrado no filme é realidade? Até que ponto é certo matar para fazer justiça, para combater quem mata para aumentar e defender o tráfico? Até que ponto funciona a máquina da corrupção? São todas questões difíceis de responder e necessárias para se discutir. Se você não viu o filme, assista e também fique com uma interrogação na cabeça. Ou então, pede desligamento!